Daily Archives: 14, February, 2008

Memória e Cuidado

weathered-red-door.jpgSe cuido de algo ou de alguém, lembro disso que cuido. Mas, se lembro de algo ou alguém, isso não quer dizer que cuido disso, pois posso lembrar até do que gostaria de destruir.

Isso é assim porque há uma relação interna entre cuidar e lembrar: a memória faz parte, é constitutiva, da noção de cuidado. Mas a noção de cuidado não é constitutiva da noção de memória.

O amor é uma forma de cuidado. Logo, lembrar é constitutivo do amar.

(Anotações a partir de Margalit, Ethics of Memory, cap. 1.)

Roubado de Antiindividualismo e memória: pesquisa sobre a retenção e a reconstrução de conteúdos mentais adquiridos no passado

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Nos arquivos

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Em 1937, a Mocidade Portuguesa Feminina nascia com o objectivo de criar a nova mulher portuguesa: a mulher portuguesa, boa esposa, boa mãe, boa doméstica, boa cristã… A este propósito, espreitar aqui. Para que não se repita, e, sobretudo, para que não se esqueça.

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Nunca Generalize

Texto extraído do jornal Correio do Povo (www.cpovo.net) dia 14/02/2008

Juremir Machado da Silva

NUNCA GENERALIZE

Eu já fui acusado de muita coisa negativa. Até do que não é negativo. Por exemplo, homossexual. Não sou. Mas qual o problema em ser? Quando me chamaram de gremista, eu me irritei. Mas não é infamante ser gremista. Minha mulher é gremista. Já me criticaram, por exemplo, por generalizar. Disseram-me bem assim: nunca generalize. Generalizar é um erro. A minha resposta é simples: isso é uma generalização. Em inúmeras situações, generalizar é essencial. A ciência funciona com base em generalizações. Observa-se um fenômeno ou um conjunto de comportamentos e tira-se uma conclusão com valor geral. Sob certas condições. Há confusão entre generalizar, exagerar e totalizar. Quem generaliza, em geral, não totaliza, mas pode exagerar. Num ‘sempre foi assim’ pode haver totalização, exagero ou, dependendo do contexto, generalização. O problema não é a generalização em si, mas a generalização improcedente, indevida, falsa.
A generalização pode ter um efeito retórico sem ser falsa. Um leitor me envia uma questão a ser analisada. Segundo ele, nenhum candidato ao vestibular da Ufrgs foi excluído, com nota maior, em função da entrada de um cotista com nota menor. Ele destaca: nenhum. O raciocínio dele é o seguinte: quem não entrou, foi excluído, na categoria em que estava concorrendo, pelos que tiraram nota mais alta. Em outras palavras, haveria, fixado em edital, um número de vagas em disputa para não-cotistas e outro número de vagas para cotistas. Eram dois concursos num só. O leitor antecipa o contra-argumento de que as vagas para cotistas foram deduzidas previamente do total das vagas existente antes das cotas. Para ele, isso só aumentou o índice de exigência numa das categorias do concurso. Mas, mesmo que vagas tivessem sido acrescentadas, reclamações aconteceriam de parte de quem ficasse de fora, pois é a própria divisão em categorias que está em discussão. Ou seja, a regra do jogo.

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Silêncio

2165444857_26736d0a8d.jpgComo se fala sobre o silêncio? De certo modo, o colóquio sobre o silêncio dos intelectuais possuia algo de contraditório.
Acho que temos dificuldade em pensar o silêncio, as lacunas: elas causam medo? angústia?

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Espera…

Trabalho Forçado (cordas), 2006Muitos filósofos tentaram, em vão, responder a pergunta por um sentido para a vida. Fosse este tomado enquanto uma busca pela natureza humana, para questões metafísicas ou mesmo políticas, de certo modo, esta questão faz parte do indefinível. Afinal, se o sentido para nossas vidas se encontrasse a priori, em um universo para além do mundo, então não seria um sentido para nossa vida, até porque, como já muitas vezes foi dito, se nossa vida se caracteriza pela finitude, buscar um sentido infinito para isto é, no mínimo, contraditório (se não, excesso de pedantismo).

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